Relação entre Regência e Crase: Entenda agora!

Agora que você já compreendeu o conceito de crase e conhece as quatro situações em que ela pode ocorrer, além de entender que está diretamente ligada à regência, é hora de estudarmos de voltarmos um pouco nos conceitos de regência, pois conhecer isso é fundamental para o aprendizado da crase.

1 Regência: qual a definição?

A regência é a relação de dependência que um termo (verbo ou nome) estabelece com outro na frase, podendo ou não haver o uso de preposição. Em outras palavras, é ela quem determina se haverá uma preposição e qual preposição será usada.

Essa relação pode ocorrer de duas formas:

  • Regência nominal: quando o termo regente é um nome (substantivo, adjetivo ou advérbio).
  • Regência verbal: quando o termo regente é um verbo de valor nocional.

1.1 Regência Nominal

A regência nominal ocorre quando um nome — que pode ser substantivo, adjetivo ou advérbio — precisa de uma preposição para ligar-se a outro termo e completar o seu sentido.

O nome que exige o complemento é chamado de termo regente, e o termo que completa o sentido é o complemento nominal, também chamado de termo regido.

Isso acontece porque há uma relação de dependência semântica entre o nome e o seu complemento: o nome, sozinho, não expressa uma ideia completa.

Por exemplo:

Ela tinha amor por animais.

O substantivo “amor” exige a preposição “por” (quem tem amor, tem amor por algo ou alguém). Assim, o termo “por animais” é o complemento nominal de “amor”.

O aluno estava ansioso por novidades.

O adjetivo “ansioso” exige a preposição “por” (quem está ansioso, está ansioso por algo). Portanto, “por novidades” é o complemento nominal de “ansioso”.

Ele agiu contrariamente às orientações dadas.

O advérbio “contrariamente” exige a preposição “a” (quem age contrariamente, age contrariamente a algo). Desse modo, “às orientações dadas” é o complemento nominal do advérbio.

1.2 Regência verbal

A regência verbal trata da relação que o verbo estabelece com o seu complemento (objetos direto ou indireto). Em outras palavras, é a forma como o verbo “manda” ou “pede” seus complementos — com preposição ou sem preposição.

De acordo com o sentido expresso pelo verbo, eles são divididos em verbos nocionais e verbos relacionais (ou de ligação).

  • Os verbos relacionais apenas ligam o sujeito a uma característica (não indicam ação).
  • Já os verbos nocionais expressam ação, processo ou estado, e entre eles estão os transitivos e intransitivos.

A regência verbal, propriamente dita, se manifesta apenas nos verbos nocionais transitivos, pois são eles que exigem complementos — com ou sem preposição.

Os verbos nocionais transitivos são subdivididos em transitivos diretos e indireto. Os dois possuem regência, porém, no caso dos transitivos indiretos esse complemento e introduzido por meio de uma preposição.

Assim como o nome, o verbo mantém uma relação de dependência sintática com seu complemento, em que o verbo é o termo regente e seu complemento, o termo regido.

Os verbos de ligação (ser, estar, parecer, continuar, permanecer etc.) não têm valor nocional, pois não indicam ação. Sua função é ligar o sujeito a uma característica, expressa por um predicativo do sujeito — e não por um complemento.

Por exemplo:

Ela está feliz.

Aqui, o verbo “está” apenas liga o sujeito “ela” à característica “feliz”. Perceba que não há preposição nem complemento, logo não há regência aqui — há apenas relação entre sujeito e predicativo.

Além disso, os verbos intransitivos têm valor nocional (indicam ação), mas possuem sentido completo, ou seja, não precisam de complemento.

Eles podem, no entanto, vir acompanhados de adjuntos adverbiais, que apenas acrescentam circunstâncias (tempo, lugar, modo etc.), e não são regidos pelo verbo.

Por exemplo:

O bebê dormiu tranquilamente.

O verbo “dormir” expressa uma ação completa: quem dorme, simplesmente dorme. O termo “tranquilamente” é apenas um adjunto adverbial de modo, não um complemento. Portanto, o verbo “dormir” não tem regência.

Por fim, a regência verbal aparece de fato nos verbos transitivos, pois são eles que necessitam de complemento para completar seu sentido. Esses verbos se subdividem em:

  • Verbos transitivos diretos (VTD): exigem complemento sem preposição.
  • Verbos transitivos indiretos (VTI): exigem complemento com preposição.

Por exemplo, observe a diferença entre as duas situações:

O aluno leu o livro.

O verbo ler é transitivo direto, porque quem lê, lê algo. Seu complemento, o livro, liga-se diretamente ao verbo, sem o uso de preposição.

Agora veja o outro caso:

O aluno gosta de literatura.

Aqui, o verbo gostar é transitivo indireto, pois exige uma preposição para ligar-se ao seu complemento. Quem gosta, gosta de algo. Assim, o termo de literatura é o objeto indireto do verbo.

Perceba, portanto, que a regência verbal é justamente a forma como o verbo “governa” o seu complemento — determinando se ele será acompanhado ou não de uma preposição. É esse pequeno detalhe que faz toda a diferença na construção correta das frases e, mais adiante, no uso adequado da crase.

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